quinta-feira, 6 de março de 2008

Como é que eu hei-de explicar isto?


Pois como devo explicar isto?, bem são coisas que acontecem, acho eu. Só não estava à espera que acontecesse logo a mim, diga-se...
Então, com o meu desgosto com o Jaquim e depois de ler na Lux que a patroa deixou na casa de banho que o menino Jorgr anda com uma empregada de café com idade para ser filha dele HÁ UM MÊS e quer transformá-la em actriz porque ela tem muito jeito (pois...imagino!), desiludi-me de vez com os homens, raios os parta a todos! E como não há duas sem três, não é que a menina bombeira da Lesboa me telefona a combinar para um café?
Ai, menina e tal, desculpe mas eu só folgo ao domingo e nem bebo café, não leve a mal, não gosto. Vá lá, Maria, diz ela, pode ser um jantar, um lanche, uma ida para dançar ou assim, insiste ela.
Ora, eu fui. Fui e fui e não me arrependo, prontos!
Combinámos de nos encontrar no Martim Moniz e lembrei-me logo do ditado da menina Ana Bola, "se monhé não vai à montanha, a montanha vai a monhé", que aquilo é um fartote deles por aquelas bandas, digo-vos já.
Ela aparece-me com uma techarte de mangas compridas com uma coisa escrita como essa aí de cima e cheirava mesmo bem a sabonete, toda lavadinha e corada!
Fomos passear para as bandas do Castelo e cheguei lá a cima a deitar os bofes para fora, nem conseguia respirar, uma aflição, mas depois ela tirou-me uma fotografia com o telemóvel escarranchada num canhão e ficou tudo em bem.
Conversámos muito e foi muito divertido e ela é muito mais fina que o estafermo do Jaquim, não há cá farturas e bifanas, ela é vegan que é assim quem só come legumes e fruta e não usa nada que venha de animais e tem uma pele linda por causa disso. E tem cabelo rasta e fuma uns cigrrinhos de ervas muito fininhos que cheiram muito bem e acalmam, diz ela.
Também me disse que não usa roupa interior porque acredita na liberdade do corpo, mas isso já não sei se acho bem porque ficam as intimidades todas à solta e faz-me um bocadinho de aflição, mas só vos digo que não me importava nem um bocadinho de ser a mulher fetiche dela e prontos.
A ver como corre da próxima vez.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A noite mais longa


Eu já vos tinha dito que os ricos só têm manias esquisitas, mas desta vez a patroa excedeu-se! Então não é que convidou 80 amigos para virem ver a noite dos Oscares no ometiatre cá de casa?
Sim, Maria, há que ser original: 80 anos de Oscar, 80 amigos. Sim, sua mula, porque não é vosmecê que fica a alombar até às 5 da manhã a servir e a atender às manias dos tais 80!
Mandou fazer uns chocolatinhos em forma de Oscar e tudo e antes de começar a entrega deu um jantar volante onde atribuiram Oscares uns aos outros, tipo "os olhos mais sedutores", "os lábios mais bonitos", o mais isto e o mais aquilo, acham normal?
Depois lá se sentaram todos para ver a tal entrega e só aí é que fiquei mais consoladinha, aquilo começou logo com uma entrevista ao menino Jorge que estava ainda mais lindo que de costume, abençoado seja, mas trazia agarrada pela cintura uma lambisgóia com muito mau ar, deixem-me que lhes diga!
E depois era, ó Maria traga mais um cafézinho e mais um chazinho e mais uns petifoures e mais isto e mais aquilo e um licor de cereja e um uisque e, e, e...
Então lá iam mostrando o menino Jorge de vez em quando e não é que quando era para ele ganhar o Oscar o foram dar aquele que parece um boi charolês, com brincos de argolas e tudo e que tem ar de quem também faz filmes badalhocos como o desgraçado do meu ex-amigo Jaquim? Admite-se? A carinha do menino Jorge, que se estava mesmo a ver que estava à espera de a ganhar, porque sabe o vale, ora se não sabe!
E prontos, lá fiquei outra vez desfeita, de lágrimas nos olhos cheia de pena do pobre do menino Jorge e ainda a ter que limpar toda a porcaria que aqueles 80 galfarros fizeram na mansão. Não foram só os copos, pratos e talheres para lavar, sabem lá o que é 80 a fazer necessidades em todas as casas de banho que encontravam? Uma javardice, é o que é!
Valha-me Sta Engrácia, muito chá de cidreira tenho eu tomado a ver se me acalmo...

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Coração amarfanhado


Estou com a minha alma lavada e enxugada em desespero desde que a menina Alex, que é um bocadinho espanhola, me ter explicado o que quer dizer aquela coisa do nome do filme do Jaquim.
O que eu tenho chorado desde que descobri! Safado, ordinário, é o que ele é! Salafrário, impostor! Eu pensava que ele era meu amigo. Até achava que ele arrastava uma asinha por mim, bandido, malfeitor!
Afinal anda por Espanha a fazer badalhoquices do piorio e logo com duas e se calhar mais.
Eu a pensar e a rezar até para ele ter muito sucesso para ir para óliude e tudo.
Tenho chorado tanto que mal aguento abrir os olhos, estão baços e inchados e custa-me a focar.
O nariz parece uma bola de Berlim, de tanto o assoar. Estou desfeita, é o que vos digo.
Depois de a patroa me ralhar e ser bruta comigo quando lhe queria explicar porque é que andava tão chorosa e ela me despachar com um , ai a Maria parece tontinha, então não sabe que não há um único homem que se aproveite, tive uma fúria e arranjei uma caixa de cartão para pôr todas as prendas que ele me deu ao longo deste tempo todo em que me andou aos rapapés.
A caixa de Mon Chéris com os bonbons já bolorentos que ele me deu no Natal de há 3 anos e que eu não posso comer porque sou alérgica a chocolate, as dúzias de rosas secas que ele ia gamando por aí e me dava de vez em quando, o ursinho de peluche com um coração que diz ailóveiu, que é a única coisa que eu sei o que quer dizer em inglês que ele me deu nos meus anos, as cassetes do Toy e do Tony Carreiras e o bilhete para o Concerto do Tony deste dia 15 de Março (isto é o que me está a custar mais, mas zanga é zanga), até o frasco de àgua de colónia que já vai quase a meio que ele me deu no Natal que passou.
Os ganchos em forma de coração com pedrinhas a imitar diamantes e a pulseira de missangas às cores que ele comprou na feira de artezanato.
Até a imagem da Nª Sra. de Fátima, daquelas que têm feltro por fora e mudam de cor consoante está frio ou chuva ou humidade e que me dava tanto jeito para saber como estava o tempo e que ele me comprou quando fomos naquela excusão a Fátima e ele se fartou de vomitar na volta, não sei se foi das bifanas ou da maionese que estava com um piquinho a azedo.
Não lhe posso devolver as farturas nem as chamuças que me trazia da roulotte da Feira da Buraca, mas peguei numa nota de 50 euros e também enfiei na caixa, deve chegar para remediar os prejuízos dele comigo.
O meu desgosto é que não há que o que pague.
Ai os meninos desculpem o desbafo, mas estava mesmo a precisar deste desbafo.
Muito agradecida .

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A chuva e o Jaquim


Pois o Jaquim lá resolveu dar notícias. Então não é que com aquilo da Feira Erótica e com uns púcaros a mais que resolveu beber, lá se animou e participou de um casting para um daqueles filmes em que as pessoas usam pouca roupa, se é que me faço entender.
E dançou e rebolou e tirou a roupa e tanto fez, que agora está em Espanha a fazer uma filmagem (em princípio o filme vai chamar-se cuando me corro, até parece que é sobre alguma maratona ou assim). E eu ao telefone: ó homem, mas tu não falas espanhol e ele, não faz mal é um filme de acção, não tenho que falar nada, só passar a mão pelo pêlo a umas jeitosas e elas é que falam. Então e fazes papel de quê? Aqui ele engasgou-se e disse bem, sou uma espécie de namorado delas. Delas?, é porque estás apaixonado por 2 ao mesmo tempo e não consegues decidir-te? Ai que o filme deve ser tão bonito! Mas e a maratona, onde é que entra? Maria, não há maratona nenhuma! Mas se o filme se chama quando me corro, é sobre atletismo também, não? Não, Maria: Sobre jogging, digamos assim...
Pois aqui, qual jogging, qual carapuças! Chove a cântaros e lá vou eu outra vez lavar os arraiolos porque o caniche ainda se afoga se fôr à rua e com o barulho da chuva é só aliviar-se dentro de casa.
E fiquei tão arrelampada com a nova profissão do Jaquim, que nem lhe perguntei quando ele volta. Já pensaram se ele vai dar a óliude como o Banderas e ainda se encontra com o menino Jorge?

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Coração partido

Quer-se dizer: uma pessoa tem coração, não é? Não é porque a gente é empregada doméstica que também não sente , não sonha...
Pois o desgraçado do Jaquim, não há quem lhe ponha a vista em cima desde domingo, nem na oficina apareceu ainda esta semana, sempre quero ver que desculpa vai dar. Se não fosse a menina Belinha, filha da D. Orlanda que frequenta o culto dominical comigo, até tinha que deixar de enfeitar os meus escritos com fotografias, o Jaquim é que mas punha e agora nicles.

E então a patroa resolve fazer um jantarinho para 30 casais e chamou-lhe a noite romantica da marquesa.
Pois, e a Maria a alombar. Ele foram quilómetros de corredores e tapetes para aspirar, ele foi polir as pratas, ele foi bulir na cozinha e depois esta gente é toda esquisita de boca e a patroa anda com as manias dos emagrecimentos e era tudo à base de legumes e tofu e soja e aquelas coisas que nem parecem comida de gente e eu a pensar ó senhora dê-lhes mas é uma boa mão com grão, uma sopinha da pedra, uns pézinhos de coentrada, que a comerem só estas porcarias ainda os mata mas é todos à fominha, louvada seja!
Tanta coisa tanta coisa e no fim bavaruase de manga com açucar laite, que só tem metade das calorias.
Nada de café, só chás e a chatice que é acartar com aqueles bules todos!
E muitas velas e música do Sr. Sinatra a tocar, Deus o tenha à Sua direita e tudo muito agarradinho a suspirar. Senti falta da menina Bibbá Pitta, que no meio daquela gente toda ainda é capaz de ser a única apaixonada à séria...

E prontes, hoje é mais uma trabalheira a arrumar tudo e eu que me deitei às quatro da matina, quando os últimos convidados sairam, estou uma miséria. Muitas prendinhas, muitos beijinhos, muito amor ontem e para a Maria o quê?
Ainda se pelo menos a menina bombeira da festa do carnaval se tivesse lembrado de mandar um sms...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

A feira no Porto



Ainda estou em estado de choque, valha-me Sta. Engrácia. A viagem no combóio foi muito linda, o combóio é muito chique e confortável, cheio de senhores todos aprumados de fato e gravata e uns telemóveis muito giros que chateavam um bocadinho porque tocavam a toda a hora e até fiquei a saber que aquele senhor de óculos rectangulares e cabelo à Paulo Bento, ainda tão jovem, coitado, está com problemas na prósta já há 4 meses e agora o PSA (acho que nunca tinha ouvido o nome deste imposto) subiu outra vez e já só lá vai com quimioterapia, deve ser um cancro ou assim, pensei eu, mas não tenho nada a ver com isso, o problema é que as pessoas falam alto e pensam que estão sozinhas e depois a gente ouve o que não quer.

E o Porto é uma cidade tão linda, mas a feira não era mesmo mesmo no Porto e ainda tivemos que apanhar uma camioneta e lá fomos nós e quando chegámos eu até ia desmaiando só de ver o tamanho da fila para entrar, mas então aquela gente ia toda só para ver a coisinha de borracha que treme e tem uma cabecinha que entra e sai, seria possível?
Eram eles, eram elas, eram novos (poucos), eram velhos (muitos), eram casais...
Entrámos e era uma barulheira e uma confusão, se não fosse das luzes psicadélicas até parecia a antiga feira popular, mas eram muitos standers com elas despidas ou a despirem-se, com mamas muito grandes, pareciam todas a menina Pamela das Marés Vivas e havia eles também a despirem-se e depois eles e elas à molhada a fazerem nem sei explicar bem o quê, mas nuzinhos em pelota e o marmanjal a tirar fotos com o telemóvel e mais uns meninos daqueles que têm a pilinha cortada ou amarrada ou assim, vestidos de meninas, com maminhas a sério e tudo e a cantarem e a dançarem e isso é que foi o mais bonito de tudo, digo já.
Depois umas salas com uns filmes de meninas com chicotes e botas altas e uns senhores de trela a lamberem uma sanita, até fiquei mal disposta e ia vomitando e tudo.
O Jaquim agarrava-me o braço e esfregava-se todo, ó Maria, diz lá filha, tás a gostar, não tás?, tás que eu sei, até nem tens palavras, não é?
Depois mais uns standers, um que dava preservativos que era por causa da SIDA, uns que tinham as tais coisas de borracha, de todas as cores tamanhos e feitios e eu até tive que tirar a coisa sexy das orelhas para ouvir a explicação e juro-vos que até fiquei arrelampada quando descobri para o que é que aquilo servia, ele há com cada uma, francamente, valha-me Sta Engrácia!
E uma senhora num stander que anunciava bonecas insuflábeis, assim com sotaque e tudo e há gente que compra daquilo, digo-vos já que este mundo vai a caminho da perdição!
O melhor foi uma senhora que estava com o marido a ver um show de meninas que se despiam e largou o marido embasbacado e foi para cima do palco despir-se também.
E um palco onde estavam a fazer castings para filmes espanhóis, mas este já não sei explicar, já estava tão enervada que agarrei em mim e vim-me embora. O Jaquim lá ficou, acho que nem deu pela minha abalada, mas tou tão zangada com ele que nem sei se volto a dar-lhe palavra, é o que vos digo!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O presente da Patroa e o presente do Jaquim

Pois ontem lá dizia eu que a patroa tinha vindo carregadinha de malas e embrulhos, sacos saquinhas e saquetas e eu não sou de me queixar, isso é que não, mas para mim, nicles.
Depois de ter desmanchado toda a bagagem, separado o que era para lavar e arrumar, vejo dentro de uma malinha pequenina que ela chama nécessere uma coisa de borracha que deixei cair ao chão. Aquilo ligou-se e começou a tremer, com uma cabecinha que ia para dentro e para fora e eu só pensava que raio será isto, será para a maquilhagem, ai se avariei esta porcaria estou feita ao bife, raios me partam esta gaita, onde é que isto se desliga?
Lá consegui parar aquilo, enfiei a coisa dentro da àgua do lavatório e aquilo lá se acalmou.
À tardinha, fui levar o caniche à rua e passei na oficina e contei tudo ao Jaquim e os olhos dele até brilharam e disse-me assim ó Maria, filha, vem comigo ao Porto no domingo que está lá a Feira Erótica e eu mostro-te o que é isso e mais outras coisas que tu não conheces de certeza. Ó Jaquim, feira erótica não é aquela coisa cheia de badalhoquices que costuma passar no Parque das Nações? Não, disse-me ele, esta é no Porto e lá é tudo muito respeitável. Ai eu nunca, nunquinha fui ao Porto, eu vou, vou e vou!
Cheguei a casa e lá estava a patroa com um embrulhinho para mim. Abri, muito agradecida minha senhora, mas para que se foi incomodar, não valia a pena, a Maria merece e tal e fico com uma coisa nas mãos que parecia uma bandelete com uns pompons nas pontas. Ah Maria já vi pela sua cara que não sabe o que isso é: é um abafador para as orelhas, assim não apanha frio que pode causar até otites! E olhe, ponha lá na cabeça. Ai que gira! Fica muito sexy assim.
Estão-me a ver, no Porto, de coisa sexy na cabeça, a passear de braço dado com o Jaquim?